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Havíamos marcado a sessão de tatuagem para as 15h30min. Cheguei na hora certa e meu amigo já estava no estúdio arrumando tudo. Ele preparou os desenhos para serem decalcados, as três rosas em separado. Fez o decalque da rosa maior no ombro e as outras duas mais em baixo. Depois com uma caneta pilot desenhou as heras que compunham o desenho. Olhei no espelho e pedi que tivesse menos heras e finalizamos a preparação do desenho.
Então começa a preparação da maquina para a primeira parte, que é o contorno do desenho. Com uma agulha e tinta preta se faz o contorno. Finalizada esta parte é trocada de uma agulha para três agulhas, para fazer o sombreado e a pintura. Ele faz o sombreado em preto e depois as primeiras cores são colocadas, o verde nas folhas e o vermelho das rosa. Por ultimo o sombreado branco para dar definição ao desenho. Pronto terminado e o desenho aos poucos criou vida e brilho. Ai passamos para a orientação, não molhar por uma semana e passar uma pomada para ajudar na cicatrização. Tiramos fotos para registrar o momento de mais um trabalho bem sucedido. Ele me diz que quando estiver cicatrizado veremos a necessidade de alguns retoques.
E a partir deste momento me sinto batizada para um outro momento da minha vida. Se tatuar é realmente um ritual de dor e beleza ao mesmo tempo. No momento que estou sendo tatuada sinto arrepios e calafrios dependendo de que parte do corpo esta sendo rasgada. Tento meditar pensar no meu objetivo, no meu paraíso perdido, em tudo que se relaciona a este momento em especifico. Penso também em todo ultimo ano nas coisas que passei para chegar neste momento. Sinto dor sim, mas estou muito feliz. É uma felicidade de ter coragem para mudar, para ousar e para viver.
A dor potencializa este sentimento.
Em espanhol tatuagem se chama “ferida ornamental” – acho que eles marcaram bem o que é – uma ferida aberta que também é um desenho, um ornamento.
Sinto-me muito viva.