domingo, 16 de agosto de 2009

Pegadas


Já para a terceira tatuagem levou mais tempo, pois precisei de três anos para escolher, ou melhor, maturar outro desenho. Então este desenho surgiu, eram quatro pegadas de gato. Sempre gostei de gatos, mas não tinha nenhum na época, anos depois adotei três. A Cácia Eller também tinha uma pagada tatuada no ombro (curiosidades a parte).
As pegadas tiveram um sentido interessante em minha vida, pois representava meu percurso até então com muita persistência em tudo que fiz. Falando em simbolismo podemos dizer que o numero quatro é o da totalidade/inteireza. Quatro pegadas igual força e instinto. Mais tarde vou falar melhor sobre simbolismo.
Hoje em dia suponho que a maioria das pessoas não acha mais, que só pessoas sujas e ligadas a grupos específicos (do tipo marinheiro, presidiário e integrantes de gangues) se tatuam. A tatuagem vai muito além disso, é uma expressão do que se tem no seu interior. As pessoas são tomadas por esta vontade de mostrar algo além, são invadidas por uma imagem que precisam expressar.
Penso sempre que ser tatuada é a estética que escolhi para mim. A pele com a qual escolhi viver.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

o Preconceito

Vim a entender melhor o preconceito a partir da própria pesquisa, o que descrevo abaixo com trechos de um artigo meu publicado em 2006. Algumas teorias relacionadas ao preconceito, explicando-o tanto do lado psicológico como o do convívio social.

"A tatuagem não só revela informações sobre a história do indivíduo, mas o sintoniza em uma gama de perspectivas relacionadas ao desenho, que passam a dizer respeito a ele e a afetar a forma como outras pessoas o vêem

Este corpo expressará uma dualidade que relaciona o individual ao social, montando assim uma gama de personagens a serem encarnados, tanto para o auto-conhecimento do indivíduo quanto para as relações sociais.

A tatuagem é tão somente expressão estética como uma forma de diálogo social. O corpo nu é uma tela em branco na qual se imprime o extrato cultural do indivíduo. Desta forma, a pessoa que se tatua estará se emprestando como veículo humano de questões culturais nas quais, desta maneira, estará se inserindo e se integrando.
Hoje, em nossa sociedade, esta expressão, na maioria das vezes, é vista como uma forma marginal, o que acarreta numa ignorância sombria, de não se ver o que está sendo dito através do corpo. Esta sombra social está sempre sendo denunciada no comportamento conservador de pessoas que reagem de forma agressiva ou espantada ao se depararem com um indivíduo de corpo tatuado. Tão importante é o poder das imagens como fator comunicador que suscita tal comportamento de estranhamento. Neste momento, falo do conceito de projeção de C. G. Jung, através do qual o indivíduo transfere seus conteúdos inconscientes para outros de formas diversas. O preconceito, uma destas formas de projeção, tem também sua importância cultural e psicológica, nos leva ao confronto das diferenças que, por vezes, na verdade são nossas, mas só estão visíveis nos outros. O preconceito seria, então, uma forma de projeção na qual não se tem a intenção de integração e sim de se deixar o conteúdo na ordem do externo e perigoso. Porem, somente confrontando estes conteúdos e se auto-conhecendo o indivíduo poderá sair desta teia. "

(Revista tatuadores & Body Piercers - ano 1, n°3 e n°4, 2006.)

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Segunda tatuagem



E não parei por ai, fiz outra tatuagem, um bracelete tribal, que para mim representa um morcego, mas fique a vontade para ver outra coisa. Levou mais ou menos dois anos entre uma tatuagem e outra.

Há está altura já sabia como era o preconceito em relação aos tatuados. Começou com minha mãe chorando e me proibindo de fazer outra, o que não adiantou em nada. Já meu pai demorou um ano para descobrir a primeira, distraido que era.
Esta é uma das questões, que começa na familia, que pretendo discutir aqui, a posse do próprio corpo e a forma de utilizar a tatuagem para como critica a estética vigente na sociedade contemporânea e também os direitos sobre o próprio corpo.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

A Primeira Tatuagem

A tatuagem para mim começou como uma pequena transgressão a “caretice” familiar ou social para se tornar um estilo de pensar a vida. Tatuar-me era um ato de comunicar aquilo que desejava ser, não somente na aparência, mas na essência. Uma profunda vontade de ser entendida.
Começa assim a minha historia com a tatuagem. Fiz minha primeira aos vinte e um anos, um dragão em estilo tribal, foi num estúdio improvisado na casa de um amigo que começara a tatuar e era ótimo, o que hoje em dia não recomendo a ninguém, pois higiene e um local apropriado são muito importantes. Muitos anos depois vim a pesquisar o simbolismo do dragão (o meu era tibetano) e descobri que estes eram considerados anjos da guarda.
 
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