sexta-feira, 7 de agosto de 2009

o Preconceito

Vim a entender melhor o preconceito a partir da própria pesquisa, o que descrevo abaixo com trechos de um artigo meu publicado em 2006. Algumas teorias relacionadas ao preconceito, explicando-o tanto do lado psicológico como o do convívio social.

"A tatuagem não só revela informações sobre a história do indivíduo, mas o sintoniza em uma gama de perspectivas relacionadas ao desenho, que passam a dizer respeito a ele e a afetar a forma como outras pessoas o vêem

Este corpo expressará uma dualidade que relaciona o individual ao social, montando assim uma gama de personagens a serem encarnados, tanto para o auto-conhecimento do indivíduo quanto para as relações sociais.

A tatuagem é tão somente expressão estética como uma forma de diálogo social. O corpo nu é uma tela em branco na qual se imprime o extrato cultural do indivíduo. Desta forma, a pessoa que se tatua estará se emprestando como veículo humano de questões culturais nas quais, desta maneira, estará se inserindo e se integrando.
Hoje, em nossa sociedade, esta expressão, na maioria das vezes, é vista como uma forma marginal, o que acarreta numa ignorância sombria, de não se ver o que está sendo dito através do corpo. Esta sombra social está sempre sendo denunciada no comportamento conservador de pessoas que reagem de forma agressiva ou espantada ao se depararem com um indivíduo de corpo tatuado. Tão importante é o poder das imagens como fator comunicador que suscita tal comportamento de estranhamento. Neste momento, falo do conceito de projeção de C. G. Jung, através do qual o indivíduo transfere seus conteúdos inconscientes para outros de formas diversas. O preconceito, uma destas formas de projeção, tem também sua importância cultural e psicológica, nos leva ao confronto das diferenças que, por vezes, na verdade são nossas, mas só estão visíveis nos outros. O preconceito seria, então, uma forma de projeção na qual não se tem a intenção de integração e sim de se deixar o conteúdo na ordem do externo e perigoso. Porem, somente confrontando estes conteúdos e se auto-conhecendo o indivíduo poderá sair desta teia. "

(Revista tatuadores & Body Piercers - ano 1, n°3 e n°4, 2006.)

Um comentário:

  1. Que bom te rever através de seu blog, Paty!
    Bacanas suas memórias e reflexões sobre sua relação com a tatuagem. Tocam em pontos essenciais que atingem a todos, inclusive o preconceito. Só este tema tem mil e tantos desdobramentos. Ainda mais se pensarmos que, ainda que não tatuemos nossa pele, teremos a alma tatuada pela vida - o que será que os preconceituosos pensarão disso?
    Beijo e sucesso!

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